AQUELE 11 DE SETEMBRO
- Lilian Rocha
- 17 de nov. de 2017
- 2 min de leitura
Todo mundo sabe exatamente onde estava naquele dia. Inclusive eu. Estava voltando do Arqui com as crianças e quando nos sentamos para almoçar, vimos a cena chocante pela TV. Um avião explodindo por entre os andares do mais alto prédio dos US, em plena luz do dia, deixando o mundo inteiro boquiaberto diante da violência da cena. E antes mesmo que nos recuperássemos do choque, eis que outro avião repetia a cena, fazendo cair por terra o prédio vizinho.
A partir daí, não desgrudei mais da TV. Comecei a acompanhar centenas de noticiários, tentando compreender as explicações que aqueles milhares de cientistas políticos, também atônitos, tentavam dar ao mundo.
Mas nenhuma explicação do mundo seria capaz de justificar a morte de tantas pessoas nem tampouco de afastar o medo que acabara de se instalar em todas as pessoas. Se o país mais poderoso do mundo fora capaz de perder, num piscar de olhos, o seu maior símbolo de poder, o que haveria de ser dos demais, tão mais frágeis que ele?
Viagens foram suspensas, diversas agências de turismo fecharam as portas e uma guerra contra o terror acabava de ser decretada. Enquanto isso, do outro lado do mundo, um homem barbudo, com cara de maluco, assumia a responsabilidade dos ataques e continuava desafiando o resto do mundo, sem parecer se intimidar às ameaças.
Não quero aqui discutir as razões políticas que levaram os dois países a se enfrentarem, pois não é esse o meu objetivo. Quero apenas ressaltar a força de um povo diante de uma tragédia.
Assim como os alemães e japoneses que conseguiram reconstruir seus países devastados pela guerra, os americanos também conseguiram transformar aquilo que parecia morto para sempre num dos monumentos mais belos do mundo.
No lugar daquele buraco negro e sem vida, onde outrora se erguia a torre sul, foi construída uma fonte com cerca de 50m de largura e imensas cascatas de água com 9m de altura. E no parapeito em torno do espelho d´água, inscritos em imensos painéis de bronze, estão os nomes de cada uma das 2.983 vítimas da tragédia: pessoas que trabalhavam nos edifícios, passageiros e tripulantes dos aviões atingidos e até aqueles que morreram ao tentarem prestar socorro. Além das fontes, uma floresta com mais de 400 carvalhos brancos completam o cenário magnífico.
Ano passado tive a oportunidade de conhecer bem de pertinho o local onde tudo aconteceu. Em vez de dois, agora se erguem 4 prédios, ainda maiores e mais majestosos que os primeiros. Passamos muito tempo na fila, mas a espera valeu a pena. O lugar é gigantesco e o silêncio que paira ao redor é inquietante. Todo mundo fala baixinho, todo mundo respira o mesmo clima de silêncio e respeito...
Mas em meio àquilo tudo, uma pequena árvore parece roubar a cena dos visitantes. Aparentemente é uma simples pereira, igual a centenas de outras, se não fosse pela sua história incomum. Foi ela a única árvore que conseguiu sobreviver aos ataques daquele terrível 11 de setembro, testemunha silenciosa da fé e esperança de um povo forte e determinado.
Mas pra mim, ela representou a certeza de que a vida não morre...
(Lilian Rocha - 11.09.14)
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