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AS MIL FACES DE UM SÓ

  • Foto do escritor: Lilian Rocha
    Lilian Rocha
  • 17 de nov. de 2017
  • 2 min de leitura

Dizem que todas as vertentes da música popular brasileira dos últimos quarenta anos passam, necessariamente, por Caetano Veloso. Não há como desmentir essa afirmação. Nem é preciso, tampouco, ter vivido nessa época ou ter feito parte dessa geração. Caetano é dinâmico, não é estático. Ele passeia por todas as gerações, ‘sem lenço nem documento’, com uma intimidade musical invejável. Com a mesma naturalidade com que canta uma composição sua, ele interpreta outras inúmeras, distantes, até mesmo, do seu próprio tempo. Sim, ‘alguma coisa acontece no meu coração’, cada vez que o ouço cantar. ‘Mexe qualquer coisa dentro doida’, como se ele me revirasse por dentro, despertando histórias nunca esquecidas... Caetano é mais que um cantor ou um compositor. É um símbolo vivo da minha geração, que nos ensinou a não ter medo de nada, a sair ‘atrás do trio elétrico’, enquanto pobres homens exerciam seus ‘podres poderes’ por entre trilhos urbanos de um país pintado de tristeza. Ele é um homem de mil faces, um resumo de tudo o que gostaríamos de ser: inteligente, simples, calmo, alegre, culto, maluco, comportado, corajoso, romântico, irreverente e surpreendentemente poético, dono de rimas simplesmente geniais. Um homem de todas as épocas, capaz de ir buscar, por entre as velhas e esquecidas poesias trovadorescas, inspiração para suas músicas. E no instante seguinte, valorizar o novo, o desconhecido.

E como uma estrela que conhece bem o alcance de sua luz, ele chega ao ‘eclipse oculto’ de minha alma, ali onde quase ninguém consegue alcançar e me seduz com suas mil faces, mil vozes, mil cores, mil tons... Fui outra vez vê-lo cantar. E mesmo sem conhecer a maioria das músicas que você cantou ali, meu coração não se importou. Pois já não é a sua música o que me atrai, mas o que você representa pra mim. Foi um ‘abraçaço’ na minha alma. Por isso, essa minha canção de hoje é só pra dizer e diz: que ‘tu és o avesso do avesso, do avesso, do avesso”... (Lilian Rocha – 17.04.14)


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