DESCASCAR CEBOLAS
- Lilian Rocha
- 17 de nov. de 2017
- 2 min de leitura
Desde que fiquei sem empregada e assumi todas as tarefas da casa, tenho aprendido bastante. Descobri que cada tarefa, por mais simples e corriqueira que pareça, traz em si uma reflexão bastante valiosa. Por isso, resolvi escrever uma série de textos sobre essas minhas "descobertas'. Engana-se o leitor, porém, se pensa que vou me tornar mais uma a ensinar receitas ou dicas de limpeza, pois além de estar engatinhando nesse quesito, não tenho talento nenhum para dona de casa... Só Deus sabe o quanto tenho sofrido para limpar, cozinhar, lavar, passar !... :( Mas como dizem que o sofrimento é uma grande inspiração, aqui vou eu...
DESCASCAR CEBOLAS
Nunca gostei de cebolas. Não do tempero em si, mas de me surpreender com algum pedacinho de cebola escondido no macarrão, arroz ou em qualquer outro lugar. Achava sempre que era uma traição da cozinheira! Mas depois que cresci, superei esse trauma. E agora, na cozinha, devo confessar que não vivo sem elas. Adoro, particularmente, o cheiro delas refogando na manteiga ou no azeite... Mas o ato de "descascar cebolas" é algo que sempre mexe comigo. Afinal, uma cebola nunca tem "uma cara" só. Quando a gente tira uma casca, aparece outra... E sempre que descasco uma cebola, lembro-me das "pessoas-cebolas" que conheci ao longo da minha vida. Pessoas dissimuladas, que se escondiam atrás de uma máscara, fingindo ser o que não eram, mostrando uma "casca" pra cada um. E sempre que eu tentava cortar aquela casca, elas reagiam com violência, enchendo meus olhos d´água... Entretanto, de nada valem tantas cascas, pois o destino de toda cebola é sempre o mesmo: ser desmascarada algum dia e virar um belo tempero na panela de alguém...
(Lilian Rocha - 27.2.17)

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