LAVAR O BANHEIRO
- Lilian Rocha
- 17 de nov. de 2017
- 1 min de leitura
Continuando com a minha série de reflexões sobre "tarefas domésticas", aqui vai o segundo texto:
2. LAVAR O BANHEIRO
Esta, sem dúvida, é uma das tarefas mais exaustivas e delicadas da casa, pois é um dos ambientes mais cheios de bactérias, com as quais teremos de travar uma verdadeira batalha. E quando o inimigo é invisível, a batalha torna-se ainda mais delicada, pois requer de nós muito mais ‘estratégia’ do que, propriamente, ‘músculos’. É assim que me preparo para entrar no banheiro, desconfiada de tudo e de todos, achando que vou ser atacada pelas costas a qualquer momento...
Isso me faz lembrar uma frase que sempre ouvi e com a qual nunca concordei: “É preciso confiar, desconfiando.” Ora, confiança não é algo que se pode ter 'pela metade'. Ou temos ou não temos. E pra gente ter confiança numa pessoa, é preciso que essa pessoa nos inspire confiança. Nunca consegui entender, por exemplo, como alguém pode estar com outro e com uma pulga atrás da orelha ao mesmo tempo. Quando uma ‘pulga’ aparece, é sinal de que a confiança já foi embora e a desconfiança já se instalou em seu lugar. Assim como dois corpos não ocupam o mesmo espaço ao mesmo tempo, confiança e desconfiança também são incompatíveis. Onde uma está, a outra não encontra espaço. Por isso, não consigo imaginar um relacionamento construído na base da desconfiança, onde um tenha que usar de “estratégia” o tempo todo para conviver bem com o outro. A menos que esse outro seja tão desprezível quanto uma bactéria... E caso seja, haveria algum sentido de se lutar por uma “bactéria”?
(Lilian Rocha – 28.2.17)

Comments