PRA SEMPRE
- Lilian Rocha
- 17 de nov. de 2017
- 2 min de leitura
Outra vez me surpreendi comprando ingresso para vê-lo cantar. Há muitos anos repito esse mesmo gesto, basta apenas que eu saiba que ele virá. E lá estou eu, em um cantinho qualquer da plateia, esperando o momento mágico em que as luzes vão se apagar e ele vai tomar conta do espetáculo. Essa magia dura pouco mais de uma hora, apenas, mas nenhum relógio do mundo saberia marcar exatamente o tempo que acontece dentro do meu coração. Não é um tempo cronológico, mas uma sucessão de momentos inesquecíveis, flashes de minha vida que vão se iluminando na minha memória, atraídos pelos acordes de suas canções.
Era menina ainda quando o escolhi para ser dono absoluto de minhas emoções e a verdade é que minha vida se confunde com as letras de suas músicas. Aprendi a andar de bicicleta sob a cadência de “Te amo, te amo”, inaugurei meu primeiro caderno de músicas com a letra de “O gênio”, e num rompante de adolescente, cheguei a pintar, certo dia, a parede do meu quarto com os versos de “Outra vez”... Cresci com suas músicas e fui acompanhando de longe cada grande momento de sua vida. Suas canções fizeram companhia aos meus sonhos e à minha melancolia e, muitas vezes, a sua emoção se confundiu com a minha. Quando ele se separou da primeira mulher, cá estava eu, também, sofrendo pelo fim de um amor...
Era isso o que eu pensava enquanto o ouvia cantar. De um lado, o palco, onde o amor ia se deixando retratar de todas as formas; do outro, uma plateia imensa e emocionada demonstrava, em silêncio, o seu amor por ele. Não era um show, mas uma declaração de amor.
Estamos ambos envelhecidos e sofridos. Mas o amor não envelhece. Continua mais belo do que nunca nos versos que hoje saem cada vez mais espontâneos do seu coração. Versos simples, que poderiam se perder, se fossem cantados por alguém comum, mas que ganham um encanto todo especial ao serem cantados por alguém que vive aquilo que canta...
Chamo-o carinhosamente de “meu rei”, pois a ele dei a chave do meu coração e, consequentemente, a liberdade de ocupá-lo inteiramente. Gosto de saber que estaremos sempre juntos, “haja o que houver”. Não nos conhecemos de verdade, nem acredito que isso um dia possa acontecer, mas sinto-me cada vez mais íntima de sua alma, que canta exatamente o que a minha quer ouvir.
Sim, “haja o que houver”, “passe o tempo que passar”, ali estarei eu, em algum lugar da plateia, declarando, em silêncio, que cada vez mais forte o meu amor será... Pra sempre. (Lilian Rocha-2005) ---------------------------------------------------------------------------
Hoje é o dia de quem é o dono absoluto da minha alma. Por isso, depois de passar o dia todo me embriagando com suas canções, resolvi homenageá-lo com esse texto que escrevi há quase 9 anos atrás. Foi a forma que encontrei para dizer a ele que nada mudou em mim. E sei que vai continuar. Pra sempre. (Lilian Rocha - 19.04.14)

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