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ROUBA-MONTE

  • Foto do escritor: Lilian Rocha
    Lilian Rocha
  • 17 de nov. de 2017
  • 3 min de leitura

Creio que todo mundo conhece um jogo de cartas chamado “rouba-monte”. É um jogo de cartas simples, ideal para se jogar com crianças, pois as “regras” são bastante simples.

O objetivo do jogo é acumular o maior monte de cartas possível e pode ser jogado com 2 ou quantas pessoas quiserem. (Basta aumentar o número de baralhos...) Depois de embaralhar as cartas, colocam-se 8 delas sobre a mesa, viradas para cima e distribuem-se 4 cartas para cada jogador. O restante do monte fica na mesa, virado para baixo.

O jogo se inicia pelo jogador que está à esquerda de quem distribuiu as cartas. Este jogador deve verificar, entre as cartas de sua mão, se há alguma que “case” com alguma das cartas da mesa, ou seja: o 2 com 2, o 5 com 5, o valete com valete e assim por diante. Se alguma “casar”, ele junta essas duas cartas e vai formando o seu “montinho” separado, virado pra cima. Caso não case nenhuma, ele descarta uma carta de sua mão, coloca-a na mesa e “cava” outra carta do monte que está sobre a mesa.

O segundo jogador faz a mesma coisa. Tenta “casar” uma de suas cartas com as cartas da mesa ou com a carta que está em cima do monte do adversário. Se “casar”, ele põe sua carta em cima e... VAPT, rouba o monte do outro para si.

Há casos de jogadores que conseguem roubar os montes de vários adversários de uma só vez. Como também há casos de jogadores que perderam seu monte e, no finalzinho do jogo, com uma única carta, consegue roubar o montão do outro que estava feliz da vida, ganhando... É claro que quando isso acontece, o “quase vencedor” fica uma fera, começa a brigar com o outro, enfim, é um jogo “para crianças”, mas é aconselhável que as mães estejam sempre por perto, para acabar com eventuais brigas...

Já joguei muito isso e já fui “roubada” várias vezes no finalzinho do jogo. Já fiquei com raiva, já chorei, achando que não era justo, mas... paciência, o jogo era assim mesmo. Quem entra nele, tem que estar disposto a tudo...

Tenho me lembrado muito desse jogo, enquanto assisto aos últimos acontecimentos políticos... Uma mesa grande e vários jogadores ávidos para ganhar. Alguém dá as cartas. O primeiro “casa uma carta” (faz uma aliança) e começa a fazer seu montinho. Vem o segundo e também começa a fazer o seu. O terceiro rouba o monte dos dois e fica feliz. Mas sua felicidade dura pouco, pois na próxima rodada, o quarto jogador, que até então não conseguira formar monte nenhum, consegue roubar o seu monte...

Ninguém tente entender, porque o objetivo de um jogo político é exatamente esse: roubar o “monte” do outro, ou mais claramente, “o poder” do outro. E quando um é roubado, logo começa a gritar, dizendo que aquilo não foi justo e não sei mais o quê, esquecido de que, num jogo anterior, ele também foi vencedor, justamente porque conseguiu roubar os montes dos outros...

Já tentei entender, juro que tentei, mas é muito difícil. Como entender um jogo cujo principal objetivo é... roubar o outro? E pelo que eu saiba, não é necessário "ética" para se roubar...

Também já tentei tomar partido, mas confesso que já desisti, pois a “vítima” de hoje foi o “larápio” de ontem e poderá vir a ser o “larápio” de amanhã. Assim como o larápio de hoje poderá vir a ser a vítima de amanhã. É só uma questão de tempo. E de paciência, claro, para ir “casando as cartas”, devagarinho...

Inútil sair por aí brigando e colecionando inimigos por causa desse jogo e, muito pior, por causa desses jogadores. Na próxima partida, esses adversários de hoje poderão estar juntos outra vez “num mesmo monte”, como aves de rapina, esperando a “carta certa” para dar o bote... Infelizmente, esta é a "regra" deste jogo...

(Lilian Rocha - 13.5.16)


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