"SORRI"

Um dia, num ímpeto, pedi a meu marido, que tem uma letra linda, para escrever, numa das paredes do nosso quarto, a letra de uma música que eu adorava. Ela resumia, com uma simplicidade impressionante, o que devíamos fazer para enfrentar os revezes da vida. Apenas uma palavra, um conselho, um lembrete: "Sorri". Sempre. E em qualquer circunstância.

Aquilo só podia ter saído da cabeça de Charles Chaplin. Um desses gênios raros com que a vida, às vezes, nos presenteia e de quem me tornei uma fã apaixonada.

Por isso, pedi a meu marido para escrever a versão da música na parede. Queria que aquelas palavras fossem as primeiras coisas que eu lesse, ao acordar. E as últimas que eu relesse, ao fechar os olhos. Até o dia em que meu espírito tivesse absorvido plenamente aquela grande lição...

E assim eu tentei fazer, ao longo da minha vida. Sempre que o "o sol perdia a luz" e eu sentia um desânimo profundo tomar conta de mim, eu me lembrava da música e tentava animar o meu espírito. Nos momentos de dor, de saudade, de tormenta, eu pensava nela. Nas muitas vezes em que via meus sonhos escorrendo pelas minhas mãos, impedidos de se tornarem realidade, eu também me lembrava dela. Mas apesar de ter gravado aquelas palavras em minha mente e em meu coração, confesso que nunca fui capaz de cumpri-las. Elas só me faziam ainda mais triste. Assim como hoje.

Afinal, como é possível sorrir, quando a noite parece não ter fim e a dor toma conta da gente?...

(Lilian Rocha - 08.02.18)

Sorri

Quando a dor te torturar E a saudade atormentar Os teus dias tristonhos, vazios

Sorri Quando tudo terminar Quando nada mais restar Do teu sonho encantador

Sorri Quando o sol perder a luz E sentires uma cruz Nos teus ombros cansados, doridos

Sorri Vai mentindo a tua dor E ao notar que tu sorris Todo mundo irá supor Que és feliz. (versão: João de Barro - "Braguinha")

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